UOL mente ao dizer que Marsha P. Johnson liderou Stonewall

Fake new tem sido desmentida há anos, mas portal de notícias não fez apuração

Publicado em 27/06/2025
Marsha P. Johnson não liderou revolta de Stonewall
A própria ativista disse que não estava no início da rebelião

A falta de apuração aliada à disseminação indiscriminada de informações inverídicas nas redes sociais gera publicações falsas, tal como a da UOL, na sexta-feira 27.

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Nos perfis do Splash e Universa no Instagram, o portal - que é um dos maiores de notícias do País - divulgou fake new sobre Marsha P. Johnson e a Revolta de Stonewall.

"Antes das Paradas do Orgulho, houve uma revolta e uma trans preta estava na linha de frente", é escrito na primeira de uma série de imagens em alusão ao Dia Mundial do Orgulho LGBT, celebrado em 28 de junho em todo o mundo.

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A data foi estipulada a partir da chamada Revolta de Stonewall, levante de frequentadores contra autoridades após batida policial no bar Stonewall Inn, em Nova York, em 28 de junho de 1969.

Mentira sobre Marsha P. Johnson no UOL

A página de notícias informa que "Marsha teria sido uma das primeiras a reagir à violência policial atirando um tijolo contra eles [policiais]". 

Essa falsa narrativa que criou protagonismo da ativista foi disseminada em 2019, nas celebrações dos 50 anos da revolta.

Mentira sobre Marsha P. Johnson

Quem criou tal fantasia sequer assistiu ao documentário A Morte e Vida de Marsha P. Johnson (2017), da Netflix. No filme, a própria retratada explica que não estava no início da confusão. Ela chegou já com a batalha em curso.

A "tijolada" inicial de Marsha jamais existiu e já foi desmentida inúmeras vezes (por livros inclusive e por quem esteve na rebelião) - o suficiente para virar piada dentre a comunidade LGBT. 

Participantes do evento, que ainda vivem, relatam que não se lembram da ativista no dia e de nenhum papel de liderança dela no dia seguinte (a rebelião se estendeu pelo dia 29).

Aliás, a própria definição de Marsha como "trans" pelo portal é objeto de debate. Marsha se definia como homossexual e drag queen, mas muitos acreditam que fosse viva hoje (a ativista morreu em 1992) ela se entenderia como uma mulher trans ou travesti.

A página segue desinformando ao dizer que nascia com a rebelião o "movimento LGBTQIA+". Stonewall foi bastante importante, sim, e a partir do sua primeira comemoração, em 1970, surgiram as paradas do orgulho (em Nova York, São Francisco e Chicago).

Entretanto, o "movimento" pela busca de direitos já havia surgido muito antes. Exemplo foi a associação gay estadunidense Mattachine Society, criada em 1950, que foi bastante atuante e conseguiu dentre seus grandes feitos que gays deixassem de ser presos em banheiros públicos por policiais disfarçados que flertavam para forjar provas de assédio.


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