Colômbia divulga contagem de LGBT. Entidades criticam dados

É a primeira vez que um país da América Latina faz tal censo. Pesquisa não incluiu zona rural

Publicado em 18/08/2020
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Total foi 105 mil gays, 56 mil lésbicas, 49 mil mulheres bissexuais e 36 mil homens bissexuais. Trans são 0,05%

A Colômbia realizou primeiro censo sobre população LGBT urbana, algo inédito na América Latina. O resultado: 1,2% de habitantes é gay, lésbica ou bissexual.

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Por recorte de orientação sexual, 98,78% dos entrevistados disseram ser heterossexuais, 0,78% homossexuais, 0,41% bissexuais e 0,04% outros.

Em quantidade, isso se traduz em 105 mil gays, 56 mil lésbicas, 49 mil mulheres bissexuais e 36 mil homens bissexuais.

Quanto à identidade de gênero, 0,05% da população disse ser transexual, o que soma 10 mil pessoas.

Para efeito de comparação, esse número de LGB é o mesmo da Noruega. Na Itália, a taxa é 1,6%; na França, 1,8%, no Chile, 1,9%; na Austrália, 3%; no Canadá, 3,3% e nos Estados Unidos, 3,8%.

Foram entrevistadas pessoas de 18 a 65 anos somente na zona urbana do país. Na Colômbia, com pouco mais de 50 milhões de habitantes, 25% da população vive em áreas rurais.

Além da pesquisa não abarcar essa parte dos moradores em zona rural, ativistas afirmam que deve-se levar em conta que uma parte do público teme revelar sua sexualidade.

Coordenadora da área de gênero da Dejusticia, Nina Chaparro acredita que os dados não devem ser tomados como absolutos e os vê muito baixos se comparados ao que outros estudos estimam globalmente.

"Eu diria que isso não representa a realidade, mas sim a realidade de um contexto onde as pessoas preferem não falar sobre sua identidade de gênero ou orientação sexual por medo de discriminação", disse ao El Tiempo.

A crítica de Chaparro é confrontada com a metodologia do levantamento. A Pesquisa Nacional de Consumo de Substâncias Psicoativas (ENCSPA, na sigla em espanhol) foi feita por meio de cartões preenchidos pelas pessoas entrevistadas, o que garante máxima confidencialidade e menos exposição. 

Gustavo Pérez, coordenador da área de Direitos Humanos da entidade Colombia Diversa, concorda com Chaparro e vai além. Para ele, a mensagem é que "apesar de que alguns tentem negar, existem pessoas LGBT", mas que maiores esforços são necessários para identificar as necessidades específicas dessas pessoas para desenvolver ações em prol da inclusão.

Outro país da região que possui contagem total é o Uruguai, no caso, apenas de pessoas trans. Com cerca de 3,5 milhões de habitantes, o governo encontrou 853 trans em 2016.


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