Homens trans ganham espaço no universo pornô brasileiro

Produtora de vídeo, sites de acompanhantes e de streaming mudam para dar vazão ao desejo por transexuais masculinos

Publicado em 03/04/2018
Lucas, homem trans, faz sucesso em sites de sexo gay
Lucas chamou atenção no MundoMais e está no Câmera Privê

A visibilidade e a presença de homens trans não estão apenas na legislação, movimento social e nas telenovelas. Chegaram ao mercado do sexo. 

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Recentemente, esse segmento tem despertado o desejo e a curiosidade de usuários de grandes sites e produtora de filmes brasileiros de conteúdo adulto.

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No Câmera Privê, especializado em streaming para quem se exibe nu, a opção "transboys" aparece no menu ao lado de "garotas", "garotos" e "transex". Uma novidade recente.

O MundoMais, uma das poucas produtoras de filmes pornôs gays do País, também aderiu ao rapazes transexuais. Ali, não há uma seção específica para eles, mas quando um homem trans ganha um ensaio, o sucesso é enorme.

Exemplo foi o do paulista Lucas, no final de 2017, que em seu primeiro ensaio ao site repercutiu por toda a internet. O sucesso continua no Câmera Privê, onde utiliza o nome Uriel. 

No Malícia, um dos mais antigos sites de acompanhantes do Brasil, os trans ganharam destaque e citação exclusiva no menu. "Começou no ano passado essa galeria", contou o administrador do site, Lucas Fernandes, à nossa reportagem.

Fernandes explica que a ideia veio após a novela A Força do Querer (2017), que tinha dentre suas principais tramas a do transexual Ivan (Carol Duarte).

"Eu pensei em ser o primeiro em criar uma categoria exclusiva relacionada e deixei a galeria gratuita, para dar uma força para eles e funcionou", revela. "Pegou super bem. Foi um estouro de acessos. Pra mim é algo que atiça muita curiosidade de ambos os sexos independentemete da orientação sexual."

Homens trans: Kaio Muniz faz sucesso no site Malícia
'É louco trabalhar com desejos e fetiches', diz Kaio Muniz

Nossa reportagem conversou com Kaio Muniz, 21 anos, que tem perfil no site. Natural de Campo Grande (MS) e morando em São Paulo, Kaio contou que entrou no mercado de acompanhantes para conhecer pessoas e também para crescimento pessoal.

"Gosto de lidar com pessoas de todos os tipos, é louco trabalhar com desejos e fetiches", revela. E não só. "Levar conhecimento sobre transmasculinidade de forma prazerosa, diferente e inovadora também me motiva."

Para Kaio, à medida em que a mídia dá visibilidade aos homens trans, a curiosidade do público aumenta, o que reverbera positivamente em sua agenda de programas. "O 'fetiche' se cria e nos dá esse trabalho de nos mostrar e matar a curiosidade de quem nos procura."

Também com perfil no site, Magno Lins diz que iniciou neste ramo como uma alternativa ao desemprego. "De certa forma, acaba sendo prazeroso essa forma de lidar com a imaginação e o fetiche alheio", diz. "Sempre gostei da visibilidade positiva que essa forma de envolvimento traz a nós, homens trans."

"Com certeza, disparou o interesse dos homens pelos famosos 'homens de buceta', por mais pejorativo que pareça, é como eles se referem em sua grande maioria [a nós]", afirma Magno. "Alguns chegam a acreditar que nasci homem e implantei uma vagina ou tenho os dois", diz, aos risos.

E acrescenta: "Esse boom que houve após o início de categorias exclusivas em sites como Câmera Privê e Malícia mostra que nós homens trans podemos ser tão másculos e dominadores quanto os homens cisgêneros tanto no âmbito sexual quanto no cotidiano."

Homem trans Magno Lins
'Sempre gostei da visibilidade positiva que essa forma de envolvimento traz aos homens trans', diz Magno

 


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