Escola de Samba volta atrás e veta gay de ser porta-bandeira

Anderson Morango já tinha desempenhado função na Acadêmicos do Sossego. Polêmica antecedeu desligamento

Publicado em 11/11/2021
anderson morango academicos do sossego
 'Já fui mestre-sala, mas o bailado da porta-bandeira é que mais me chama atenção', declara

Homem pode ser porta-bandeira de uma escola de samba? Entre o sim e o não, a escola de samba Acadêmicos do Sossego, de Niterói (RJ), está no "não pode mais". A agremiação desligou o cabeleireiro Anderson Morango, 40 anos, daquela função, a qual ele desempenhou em 2019 e 2020. 

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O comunicado foi feito no domingo 7. Assim, Anderson, que assume personagem feminina para o desfile e nos ensaios, perdeu o posto de segunda porta-bandeira. O texto faz referência direta a polêmica ocorrida dias antes. 

Em live, a rainha de bateria da Acadêmicos de Jacarepaguá e coordenadora de passistas da Em Cima da Hora, Patrícia Miranda, havia dito que era contrária a um homem assumir aquele posto. 

A fala foi considerada homofóbica e Patrícia foi dispensada de ambas agremiações. Na ocasião, a Acadêmicos do Sossego tinha expressado apoio a Anderson.

Em conversa com nossa reportagem, o atualmente ex-porta-bandeira revelou que estava determinado a defender a escola ano que vem, mas que agora tem de lidar com essa situação. 

"Só paramos de ensaiar por três meses. A gente colocava máscara, luvas e a gente ia se movimentar. Essa função exige isso! Até para não engordar. É muito preparo e eu estava focado... Aí veio essa notícia", disse Anderson ao Guia Gay.

Anderson não atribui o veto à homofobia. "Eu sempre fui muito bem aceito lá", assegura. 

Nas redes sociais, a grande maioria dos comentários são contra a decisão da escola. 

"Vocês perderam um grande profissional, uma pessoa de extrema importância e representatividade, mostrando que esse preconceito tem que acabar", é uma das opiniões. 

Reportagem de 2019 falava do que significou Anderson quebrar a regra. 

Mas nem tudo está perdido. O cabeleireiro afirma que não para de receber apoio e que já tem dois convites para desfilar ano que vem como guardião da flâmula, fascinação que vem de longe. 

"Eu me apaixonei pelo posto desde que eu trabalhava na Estação Primeira de Mangueira como hold de um casal. E eu já fui mestre-sala, mas não tem como, o bailado da porta-bandeira é que mais me chamou e chama atenção. É por o que sou apaixonado."

A história está do lado de Anderson. Registra-se que nos primórdios da folia quem defendia o estandarte das escolas de samba eram apenas homens. 

 

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