País africano prende gays e trans com base em exame anal forçado

Em menos de dois meses, ONG Human Rights Watch teve relatos de 24 vários tipos de abusos legais nos Camarões

Publicado em 24/04/2021
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Houve até invasão de ONG que trabalha com HIV. Treze foram presos. Foto: Depositphotos

Ao menos 24 pessoas foram presas, espancadas ou ameaçadas em quase dois meses por sua orientação sexual ou identidade de gênero na República dos Camarões.

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Os dados são da entidade Human Rights Watch, que analisou relatórios policiais, médicos e de ONGs do país africano, entre 17 de fevereiro e 8 de abril.

"Essas recentes prisões e abusos levantam sérias preocupações sobre um novo surto de perseguição anti-LGBT nos Camarões”, disse Neela Ghoshal, diretora associada de direitos LGBT da Human Rights Watch.

"A lei que criminaliza a conduta do mesmo sexo coloca as pessoas LGBT em alto risco de serem maltratadas, torturadas e agredidas sem quaisquer consequências para os abusadores."

No país, há lei que pune com até cinco anos de prisão a homossexualidade (a transexualidade costuma ser penalizada dentro dessa legislação).

Em 24 de fevereiro, por exemplo, policiais invadiram a sede de uma organização que fornece serviços de prevenção e tratamento ao HIV, chamada Colibri, em Bafoussam.

Ali, 13 pessoas foram presas sob acusação de homossexualidade, incluindo sete funcionários da ONG. Todos foram libertados entre 26 e 27 daquele mês.

Três dos presos contaram que a polícia agrediu fisicamente ao menos três dos funcionários na delegacia e que ameaçou e agrediu verbalmente todos as pessoas.

Os policiais também os ouviram sem a presença de advogados e os obrigou a assinar declarações sem permissão de lê-las antes.

Uma dessas pessoas, uma mulher transexual de 22 anos, relatou o que sofreou. "A polícia nos disse que somos demônios, não humanos, não normais. Eles bateram no rosto de uma mulher trans e a esbofetearam duas vezes na minha frente."

A Human Rights Watch documentou anteriormente que promotores em Camarões introduziram relatórios médicos baseados em exames anais forçados no tribunal, contribuindo para condenações de indivíduos acusados de conduta homossexual consensual.


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