Justiça condena milionário por drogar homens negros até a morte

Ed Buck, de 66 anos, responde por nove acusações. Seu fetiche era ver vítimas inconscientes

Publicado em 31/07/2021
Gemmel Moore e Timothy Dean foram vítimas de Ed Buck
Gemmel Moorre (à esq.) e Timothy Dean (à dir.) foram vítimas de Ed Buckh

A Justiça norte-americana considerou culpado o milionário Ed Buck, de 66 anos, por nove acusações, incluindo o de provocar a morte de dois homens. Ele pode pegar condenação perpétua.

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No veredito, na terça-feira 27, a juíza distrital Christina A. Snyder considerou as provas tão angustiantes que afirmou que talvez o tribunal precisasse oferecer aconselhamento psicológico aos jurados.

Buck teria provocado a morte de Gemmel Moore, de 26 anos, em julho de 2017, e de Timothy Dean, 55, em janeiro de 2019. Dean fez carreira no pornô gay como Hole Hunter entre 2007 e 2016.

Buck atraía os homens - preferencialmente negros - à sua casa oferecendo dinheiro. Em troca, ele exigia que eles se drogassem com metanfetamina.

Segundo a promotoria, o criminoso tinha fetiche por vê-los usando drogas até ficarem inconscientes.

"Ele encontrava vítimas desoladas e vulneráveis e empurrava metanfetamina nelas repetidamente até que ficassem inconscientes”, disse a advogada assistente da promotoria Lindsay Bailey.

"Era disso que ele gostava - o poder dava a ele gratificação sexual. Cada vez que ele enfiava uma agulha no braço de alguém, ele estava brincando de Deus. E ele nunca parou - nem mesmo depois que dois homens morreram."

Vídeos exibidos no julgamento mostram homens sendo filmados usando drogas sob ordens de Buck.

Em uma das imagens, Moore, drogado, diz: "Não sei se aguento mais uma vez", enquanto é induzido a injetar mais drogas.

Buck é ex-modelo e ator e fez fortuna com empresa de venda de dados. Ele era ligado ao Partido Democrata e doou milhares de dólares a campanhas de nomes tais como Barack Obama e Hilary Clinton.

Esta ligação dele com os democratas, inclusive, o teria beneficiado na Justiça. Veículos de imprensa noticiaram que sua ligação com a política o fez não ser acusado da morte de Moore, em 2017.

Dentre as acusações, estão a de trazer um jovem e mais um amigo a Los Angeles e induzi-los à prostituição. 

Buck foi preso após um terceiro homem, Dane Brown, relatar ter tido duas overdoses na sua casa e ser internado.

"Ele gostava de me ver onde eu mal conseguia ficar de pé, quase inconsciente", testemunhou Carlos, outra das vítimas de Buck, de acordo com o Los Angeles Times.

“Ele queria que eu caísse em todos os lugares [para] que ele pudesse fazer o que quisesse, tanto quanto tocar e tudo mais."

Única testemunha de defesa do milionário, um médico dono de uma empresa privada de autópsia alegou que os homens tinham condições médicas subjacentes que causaram suas mortes.

O médico afirmou que Moore morreu de complicações de edema pulmonar e da aids e que Dean faleceu por intoxicação por álcool e doenças cardíacas.

Os promotores, entretanto, forneceram seus próprios depoimentos, inclusive do legista do condado, afirmando que ambos morreram por overdose de metanfetamina.


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