Ex-vereadora lésbica critica Fátima Bezerra: 'Não se declara'

Ativista Sargento Regina diz ter perdido muito por ser abertamente homossexual, mas que não faria diferente

Publicado em 03/07/2021
sargento regina fatima bezerra
Sargento Regina (dir.) com governadora: "Temos obrigação de mostrar quem somos", opina

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), é lésbica ou não? A questão surgiu nas redes sociais na noite da quinta-feira 1º quando o líder do Poder Executivo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) se assumiu gay

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Nomes da esquerda, mais notadamente Jean Wyllys, desrespeitando a privacidade de Fátima, arvoraram-se em afirmar que a petista é homossexual. 

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Frente à tanta polêmica, a governadora se pronunciou no Twitter na sexta 2, mas não desfez a dúvida. Não afirmou nem negou o que é dito sobre ela. 

Dentre muitas opiniões, uma vem de alguém com trajetória próxima à de Fátima: potiguar e lésbica, a Sargento Regina fez história ao conseguir tornar-se vereadora em Natal em 2009 pelo PDT. 

"Tenho admiração muito grande pela história da governadora, mas sempre me deixou triste o fato de ela não se declarar. Ela sempre sofreu muitos ataques de seus adversários mesmo sem nunca ter dito nada publicamente", disse ao Guia Gay

As palavras da governadora no meio dessa polêmica - "Na minha vida pública ou privada, nunca existiram armários" e que sempre atuou contra o ódio - são vistas por Regina como uma não-afirmação. 

"Ela, ao fim, não disse nada. Falou que sempre apoiou a pauta LGBT, mas isso muita gente faz mesmo sem ser LGBT."

De posições firmes, a policial tem outra vivência. 

"Meu mandato foi pautado na defesa dos movimentos sociais, da classe trabalhadora. E nunca, jamais, neguei ser lésbica e do candomblé."

Ela fala com orgulho o fato de ter aprovado sete projetos de lei de promoção, garantia e defesa de direitos LGBT. 

Ao mesmo tempo, ela é testemunha de que pode haver dessabores nessa postura. 

"Paguei um preço altíssimo. Nunca fui reeleita. Sofri o preconceito na rua. Tive muito problema com a Polícia Militar, que foi, na verdade, quem me elegeu. Não queriam que eu dissesse que eu era homossexual e qual era minha religião. Como não aceitei, se revoltaram e fizeram campanha homofóbica pesada contra mim."

Atualmente, Regina é ativista LGBT e coordenadora política do Instituto Ancestral das Mulheres de Axé do Rio Grande do Norte. 

Olhando seu passado e em conexão com a decisão da governadora, ela chega a uma conclusão. 

"Apesar de tudo isso, não me arrependo. Faria tudo de novo. Quando estamos em um espaço de poder, temos a obrigação de mostrar quem somos."


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