O apoio de pessoas LGBT à causa palestina causou divergência dentro de grupo que pretende enfrentar Israel para levar alimento à população de Gaza.
O primeiro caso se trata do coordenador local da Flotilha Global Sumud (GSF), comboio de dezenas de embarcações que está a caminho do Oriente Médio.
Khaled Boujemâa anunciou sua saída do grupo por conta da presença de ativistas LGBT nos barcos.
"Fomos enganados sobre a identidade de alguns participantes na dianteira da flotilha. Acuso os organizadores de nos terem ocultado esse aspecto", reclamou Boujemâa em transmissão de vídeo, de acordo com a revista Le Courrier de l'Atlas.
Outra lutadora pela causa palestina, Mariem Meftah, também condenou a presença de LGBT nas embarcações.
"A orientação sexual de cada um é uma questão privada […]. Mas ser um ativista ‘LGBT’ significa tocar nos valores da sociedade e embarcar em um caminho que pode colocar meus filhos e meus entes queridos em uma situação que rejeitamos. Recuso-me a oferecer ao meu filho uma mudança de sexo na escola", disse.
"Não perdoarei aqueles que nos colocam nessa situação; teremos que falar sobre isso porque algumas pessoas gostam de ultrapassar a linha vermelha ou já a ultrapassaram. Convoco todos a corrigir o erro cometido contra as pessoas que doaram seu sangue para que esta flotilha possa ver a luz do sol.”
A GSF é composta por pessoas originadas de 44 países. Pelo menos um deles é brasileiro, o ativista ambiental Thiago Ávila. Nesta sexta 23, o coletivo sofreu diversos ataques com armas feitos por Israel.
A rejeição à existência de ativistas LGBT no grupo veio também da mídia.
Segundo o site Brussels Signal, o apresentador de TV tunisiano Samir Elwafi também tornou pública a preocupação de misturar a bandeira LGBT nesssas missões.
"A Palestina é antes de tudo a causa dos muçulmanos e não pode ser separada de sua dimensão espiritual e religiosa: Jerusalém está, portanto, no centro de seus símbolos e de seu destino. Então, por que vocês envolvem ativistas suspeitos que servem a outros interesses que nada têm a ver conosco e com Gaza, como o LGBTQIA+? Por que ouvimos as vozes dessas pessoas em uma flotilha que supostamente representa nossas sociedades e sua solidariedade com Gaza?"
"Por que vocês dividem as pessoas em torno de uma causa maior que deveria uni-las? Por que toda essa suspeita financeira, moral, ideológica e de segurança em uma flotilha que supostamente representa a sensibilidade árabe e a consciência humana? O que podemos esperar de um muçulmano árabe que vê e ouve os slogans do movimento LGBT em uma flotilha em nome de sua causa mais sagrada, e que, portanto, é profanada?”