Morreu, nesta segunda-feira, 04, no Rio de Janeiro, Rogéria. Ela tinha 74 anos.
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A atriz estava internada desde 8 de agosto no Hospital Unimed Barra, na Zona Oeste da cidade, para tratar uma infecção urinária. Houve complicações e a causa da morte foi um choque séptico.
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Em julho, a atriz passou duas semanas internada em uma clínica na Zona Sul. Ela chegou sentindo fortes dores nas costas e uma infecção urinária foi detectada. Rogéria chegou a ficar Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respirar por aparelhos, mas seu quadro melhorou e ela teve alta.
Nascida Astolfo Barroso Pinto, em Cantagalo, interior do Rio de Janeiro, em 1943, Rogéria foi maquiadora na extinta TV Rio nos anos 1960. Ali, teve contato com grandes estrelas, como Fernanda Montenegro e Emilinha Borba, e aos poucos foi deixando florescer sua identidade feminina.
Tornou-se estrela de musicais, no Centro e em Copacabana, na Zona Sul, e foi trabalhar na Europa. De volta ao País, nos anos 1970, continuou trajetória de sucesso nos palcos e chegou ao cinema.
Na TV, sua estreia foi como Ninete, na novela Tieta (1989). Fez participações em inúmeros programas e sitcoms, como Zorra Total e Toma Lá Dá Cá. Em Lado a Lado (2012), trama de época do horário da seis, viveu Alzira Celeste, uma avó cisgênero. Interpretou uma diva dos palcos, Úrsula Andressa, em Babilônia (2015) e fez uma rápida aparição em A Força do Querer (2017).
Este ano, Rogéria foi uma das retratadas no documentário dirigido pela atriz Leandra Leal, Divinas Divas, que resgata oito performers trans que completaram 50 anos de carreira. Na 21ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, em junho passado, Rogéria desfilou no trio do filme ao lado de Leandra e de Jane Di Castro, que também é destaque no longa.
Em 2016, Rogéria lançou sua autobiografia, escrita por Marcio Paschoal, Rogéria - Uma Mulher e Mais um Pouco. Na obra, a atriz recorda a infância, o começo da carreira, os homens que amou, um acidente de carro nos anos 1980 que deformou seu rosto e a dualidade que manteve durante toda a vida, em que vivia uma identidade feminina, mas sempre salientando seu lado masculino.
Em centenas de entrevistas, Rogéria gostava de ressaltar o carinho que recebia de crianças, avós e casais e se definia como "a travesti da família brasileira". Algumas frases da incomparável diva que nos deixou:
- Só tenho duas preocupações com o visual: não parecer prostituta nem homem vestido de mulher.
- Quem não tem Xuxa, sai com Roxéria.
- A primeira coisa que gosto de fazer, se vejo alguém interessado em mim, é logo dizer a verdade: não sou mulher.
- Jamais seria uma transexual porque eu amo ser o Astolfo.
- Era o tipo de homem que devia estar doido para dar. Me vendo como mulher, seu problema se revolvia.
- Não sou uma mulher fantasiada. Sou uma atriz 24 horas por dia.
- Conheço muito homem que dá a bunda e não é homossexual, é um vicioso.
- Eu só era ativa com homem se ele fosse muito macho. Não tenho tesão por viado.
