Homofobia? Corpo de produtor não tinha sinais de espancamento

Caso gerou mobilização no movimento LGBT, mas polícia é cautelosa por não saber causa da morte

Publicado em 14/07/2016
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Leonardo Moura recusou-se a fazer tomografia e disse não lembrar ter sido espancado

Ao contrário da rapidez em afirmar que o produtor cultural Leonardo Moura foi vítima de homofobia, a Polícia Civil da Bahia atua na espera de laudo cadavérico e de busca de alguma pista sobre o que ocorreu. Moura foi encontrado desacordado na Praia da Paciência na manhã do sábado 9 após sair da boate San Sebastian, no Rio Vermelho. 

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Oficialmente, a delegada responsável pelo caso, Andrea Ribeiro, não informa se foi encontrada alguma testemunha ou gravação do ocorrido. Nenhuma linha de investigação foi descartada, inclusive ataque homofóbico. Entretanto, alguns fatos podem apontar até para outra causa da morte que não um espancamento. 

O corpo de Moura não tinha nenhum sinal de agressão, informou a Polícia Civil em nota. No prontuário do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) está anotado que Moura teria apenas caído.

Informalmente, a corporação admite ser difícil haver chutes e socos ao ponto de danificar um órgão interno do corpo sem produção de nenhuma marca exterior. Entretanto, a posição oficial só deve sair dentro de três semanas, após laudo oficial. O objetivo é fundamentalmente saber qual a causa da morte. 

A família contesta frontalmente a ideia de não ter havido agressão. Parentes disseram que existiam marcas roxas nas costas do produtor, pés e mãos estavam machucados e havia arranhões no seu corpo. 

Outro ponto em aberto é por qual razão Moura, ainda no sábado, pela manhã, se recusou a ser submetido a uma tomografia no hospital. O exame foi pedido pela equipe do Hospital Geral do Estado (HGE) justamente por não ter sido visto nenhum hematoma. Há informações de desentendimento do produtor com a médica que o atendeu. 

A família, em depoimento, afirmou que Moura tinha dito não lembrar se tinha ou não sido agredido. O produtor voltou para casa e retornou ao hospital às 15h, com fortes dores. A morte ocorreu na instituição na segunda pela manhã. 

O caso é tratado como homofobia pela família e tornou-se motivo para grande mobilização da comunidade LGBT de Salvador, que fará ato contra o preconceito nesta sexta nos arredores da boate San Sebastian. 


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