Com sexo e sangue, 'No Caminho' é road movie gay poderoso

Longa fala de romance em meio a quartéis de drogas no interior do México

Publicado em 23/10/2025
No Caminho: filme gay mexicano de David Pablos com Victor Prieto
Victor Prieto interpreta Veneno, que foge do passado no interior do México

Por Marcio Claesen

Road movie é quase um gênero cinematográfico e já se imiscuiu com clássicos de suspense, terror, drama e até comédia, o que demonstra a versatilidade da situação.

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Quando dois desconhecidos se juntam num veículo e têm a estrada em seu caminho em busca de algo e/ou fugindo de alguém, forma-se um clichê, mas que pode ter adicionado elementos para que a história se torne única e atraente.

Este é o caso de No Caminho, novo longa de David Pablos (de O Baile dos 41), que tem tido exibições na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e ainda sem data para entrar no circuito comercial brasileiro.

Vencedor de melhor filme na mostra "Horizontes" e do Queer Lion de melhor produção LGBT no último Festival de Veneza, o longa fala da conexão entre Veneno (Victor Prieto) e Muñeco (Osvaldo Sanchez) no interior do México.

Caminhoneiro, Muñeco passa pela parada onde está Veneno, jovem que se prostitui e vende drogas e que lhe pede uma carona.

Muñeco é casado e tem filhos e está com saudade da família. Veneno é assumidamente gay. O relacionamento de amizade entre ambos se solidifica a medida que os dias passam e se tornam sócios vendendo cocaína a contatos do mais velho.

Osvaldo Sanchez: filme gay mexicano No Caminho
Osvaldo Sanchez vive Muñeco, caminhoneiro que ajuda Veneno e passa a correr perigo

O caminhoneiro está sem dormir há uma semana. Como fazem para se manter acordado, como esvaziam a bexiga sem parar de dirigir, como se banham, como se relacionam... Pablos é feliz ao explorar esse universo que poderia ser apenas um pano de fundo para a história, mas a integra de maneira visceral ao drama.

A tensão sexual evolui entre ambos na mesma medida em que o passado do michê está cada vez mais próximo para lhe cobrar algo. 

Sangue e sexo se misturam a paixão, medo e cumplicidade numa trajetória cujo final feliz parece inatingível quando se tem quartéis de drogas envolvidos.

Prieto e Sanchez estão muito bem, indo da vulnerabilidade à força em papéis que necessitam de grande entrega - desde o que não é dito, com olhares e gestos, ao que se é fartamente mostrado, o que inclui até sequência com ereção.

O cineasta equilibra bem a angústia onipresente com a relação que se aprofunda entre os dois, transformando No Caminho em um longa poderoso sobre relações humanas.

 


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